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quarta-feira, 24 de março de 2010

CNH inaugura complexo de R$ 1 bilhão em Sorocaba

Autor(es): Alexandre Inacio, de Sorocaba
Valor Econômico - 26/02/2010


O vermelho e amarelo, sob a bandeira do grupo Fiat, poderiam indicar que uma fábrica da Ferrari estaria se instalando no interior de São Paulo. Os veículos que sairão a partir da próxima semana da unidade de Sorocaba (SP), no entanto, vão atender uma outra demanda, a de agricultores do Brasil e da América Latina interessados nas colheitadeiras das marcas Case e New Holland, que formam a CNH - braço de máquinas agrícolas da Fiat no mundo.

No próximo dia 2, a empresa inaugura oficialmente seu mais novo e moderno complexo industrial na América Latina, que conta com um centro de distribuição de peças e componentes. Foram pouco mais de dois anos de obras e um investimento de R$ 1 bilhão. O complexo teve financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo Pró-veículo, do governo do Estado de São Paulo, e é considerado o maior investimento por uma empresa do setor já feito no Brasil de uma só vez.

"O Brasil e a América Latina têm vocação para a produção de commodities, especialmente as agrícolas. Obras de infraestrutura precisam e já estão sendo feitas nessa região pelos governos. Foi nisso que apostamos para criar esse novo complexo", afirmou Valentino Rizzioli, presidente da CNH para a América Latina e vice-presidente executivo do grupo Fiat.

A inauguração deve ter as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador do Estado, José Serra. A nova unidade eleva para quatro o número de fábricas que a CNH tem no país. A empresa já tem plantas em Curitiba - onde são produzidos tratores e pulverizadores agrícolas e algumas colheitadeiras - , em Piracicaba (SP) - onde são fabricados colheitadeiras e implementos para cana de açúcar e café e colheitadeiras - e em Contagem (MG) - onde se concentra a fabricação de máquinas e equipamentos para construção. A ideia é que a planta de Sorocaba seja o centro de referência mundial para a fabricação de colheitadeiras do grupo.

Apesar do braço voltado para a construção civil, que representa 35% dos negócios no Brasil, a nova fábrica produzirá apenas os componentes das máquinas, que continuarão sendo montadas em Contagem, até que a planta mineira atinja sua capacidade total.

A planta de Sorocaba vai se dedicar principalmente à produção de duas novas colheitadeiras - elas já estão disponíveis no mercado brasileiro porque são importadas pela empresa. Além disso, serão produzidos componentes para abastecer as outras duas fábricas agrícolas, com a possibilidade de ser uma alternativa de suprimento para unidades de todo o mundo.

"O que vamos produzir em Sorocaba nós não produzimos em nenhuma outra fábrica da empresa no Brasil. Não vamos transferir nenhuma linha que temos em nossas unidades para a nova. Nosso plano é expandir a produção, não deslocar", afirmou Sérgio Ferreira, diretor-geral Case Agrícola para América Latina.

No alvo desses investimentos, mesmo durante a crise, está um mercado crescente na América Latina. Hoje, a Case detém uma fatia de 16% do mercado na região e tem como meta elevar sua participação para 25% nos próximos cinco anos. No Brasil, a marca fechou 2009 com uma participação de 15% do mercado doméstico de colheitadeiras, onde foram comercializadas 3.817 unidades, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Para crescer mais, a companhia aposta na nacionalização das novas colheitadeiras que serão fabricadas em Sorocaba. Isso porque, em janeiro deste ano, a Case foi incluída no Programa Mais Alimentos, que facilita o financiamento de máquinas a taxas de juros mais competitivas. Para isso, contudo, a empresa precisa ter 60% dos componentes das máquinas de origem nacional, percentual que será atingido até o fim deste ano.

No ano passado, a receita global da CNH foi de US$ 12,7 bilhões. O faturamento na América Latina foi de R$ 3,8 bilhões, dos quais o Brasil representa aproximadamente 80%.

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